O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, disse nesta segunda-feira que está horrorizado com a intensificação dos ataques do governo contra a cidade rebelde de Homs, que classificou de “inaceitáveis para a Humanidade”.
Ban se uniu assim à condenação global à repressão das forças do ditador Bashar al Assad, depois que uma resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria foi vetada no sábado por China e Rússia.
“O secretário-geral está horrorizado com a escalada de violência na Síria, em particular com o crescente registro de mortos e com a manutenção da repressão na cidade de Homs, que inclui o uso de artilharia pesada e o bombardeio de áreas civis”, disse o porta-voz das Nações Unidas, Martin Nesirky.
“Esta violência é totalmente inaceitável para a Humanidade”.
Ban acrescentou: “A ausência de um acordo no Conselho de Segurança não dá às autoridades sírias licença para intensificar os ataques contra o povo sírio. Nenhum governo pode cometer tais atos contra seu povo sem que sua legitimidade seja erodida”.
Pelo menos 69 civis foram assassinados nesta segunda-feira na Síria quando tropas do regime bombardearam Homs com morteiros e atacaram Zabadani, próximo da capital, disseram ativistas opositores.
Em dezembro, a ONU havia atualizado a contagem de civis mortos nas ações violentas das forças de segurança em 5.000 pessoas, e, desde então, não foi divulgado nenhum novo número sobre o assunto. Grupos opositores calculam que o número já ultrapasse os 7.000.
O regime de Assad se defende dizendo que, na verdade, combate terroristas armados, e não manifestantes pró-democracia. Segundo as autoridades sírias, mais de 2.000 membros das forças de segurança morreram nas operações.
SOLUÇÃO
A posição de Ban Ki-moon chega no mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que a crise política na Síria pode ser solucionada sem uma intervenção militar e disse que uma solução negociada é possível. As declarações foram feitas em entrevista ao canal americano NBC.
As afirmações de Obama mudam o temor de que Estados Unidos e os países membros da Otan pudessem fazer uma ação militar similar à ocorrida na Líbia para forçar a saída de Muammar Gaddafi, no ano passado, após o veto de China e Rússia à aplicação de um plano para a queda do ditador Bashar al Assad.
Mais cedo, a embaixadora americana na ONU (Organização das Nações Unidas), Susan Rice, lamentou o veto russo e chinês à resolução para o conflito na Síria e acusou os dois países de aumentarem o risco de guerra civil.
“Acredito que Rússia e China vão lamentar sua decisão, que os alinhou a um ditador agonizante cujos dias estão contados e que lhes pôs em uma posição complicada em relação ao povo sírio e à região em conjunto”.
A representante ainda afirmou que os dois votos foram “uma estaca no coração das tentativas de resolver o problema por vias pacíficas” e disse que Rússia e China estão “manifestamente com Assad”.
Yuri Kadobnov/France Presse | ||
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Ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, durante reunião realizada em Moscou |
RÚSSIA
O chanceler russo, Serguei Lavrov, criticou os países ocidentais nesta segunda por não querer esperar a visita que terá com o ditador sírio Bashar al Assad nesta terça (7) para aprovar a resolução na ONU (Organização das Nações Unidas) contra o regime.
Irritado, Lavrov chamou de “falta de respeito” a proposta de votação no sábado e disse que os coautores do projeto trabalharam “com precipitação”. Ele defendeu o voto contrário ao projeto de resolução e se defendeu das críticas contra a atitude, chamando a reação do Ocidente de “indecente e histérica”.
A chanceler alemã, Angela Merkel, criticou nesta segunda-feira o veto de Rússia e China à resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Em comunicado lido por um porta-voz, afirmou que os dois países “são responsáveis pela continuidade do derramamento de sangue”.
Merkel considerou que o ditador Bashar al Assad não tem “mais nada para fazer” em seu mandato e pediu ao Conselho de Segurança o apoio às medidas da Liga Árabe para que seja feita a transição.
No domingo (5), os Estados Unidos prometeram duras sanções contra a Síria em resposta ao veto da Rússia e da China a uma resolução das Nações Unidas apoiando um plano da Liga Árabe, que pedia a Assad para deixar o poder.
O CNS afirmou que o veto à resolução contra o regime da Síria concede ao ditador e outras autoridades uma “autorização para matar com impunidade”. A reação da comunidade internacional sobre o veto chinês e russo também foi dura.
O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, acusou a Rússia e a China de terem “abandonado” o povo sírio e de encorajar a brutal repressão do regime de Assad. O embaixador francês na ONU, Gérard Araud falou em um “dia triste para o Conselho, para os sírios e para os amigos da democracia”.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, considerou uma piada a decisão russa e chinesa de vetar a resolução. Hillary disse que os esforços fora da ONU para ajudar as pessoas da Síria devem ser redobrados agora. “Trabalharemos para buscar sanções contra a Síria e fortalecer as que já temos”, prometeu.
Reuters | ||
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Manifestante vestindo máscara leva bandeiras da oposição da Síria durante protestos |
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