Em meio à expectativa quanto à formação do novo governo de união na Grécia, o principal partido de oposição, a Nova Democracia, disse nesta segunda-feira que defende a manutenção do ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, e sua equipe, para que as políticas anticrise não sejam interrompidas.
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A Nova Democracia também disse que ainda não há consenso sobre o nome do ex-vice-presidente do Banco Central Europeu Lucas Papademos para ocupar o cargo de premiê.
Agências de notícias, no entanto, informam sobre um possível acordo já em torno do nome do novo governante, embora o anúncio deva ser feito somente amanhã (8).
O partido, cujo líder, Antonis Samaras, participa das negociações, já deixou claro que apoia um governo de coalizão e que manterá sua posição quanto às medidas de austeridade exigidas para o Orçamento de 2012, assim como os acordos com os bancos quanto à redução da dívida do país e para a continuidade do pacote de ajuda financeira, com a “troika”, formada por União Europeia (UE), Banco Central Europeu (BCE) e FMI (Fundo Monetário Internacional).
“Nós nos comprometemos e vamos honrar nossos compromissos. O Ministério das Finanças, assim como o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, e sua equipe, deveriam ficar pelo bem da continuidade”, disse uma fonte do partido.
O partido defende ainda que o governo tenha um perfil muito mais técnico, incluindo especialistas, e que não pretende indicar nenhum de seus membros para ocupar cargos de ministros de gabinete.
A Nova Democracia vinha sistematicamente se opondo às medidas de austeridades exigidas pela “troika”, mas em vista das pressões europeias resolveu ceder.
Samaras firmou um acordo ontem (6) com o premiê George Papandreou, que renunciou para dar lugar a um novo governo.
ITÁLIA
Os ministros das Finanças da Eurozona decidiram nesta segunda-feira pressionar ainda mais a Grécia para que as medidas de austeridade sejam cumpridas pelo país, e reforçaram as propostas para evitar que a Itália seja a próxima a quebrar.
Após vários dias de agitação política na Grécia, os ministros dos 17 países da Eurozona deveriam se reunir hoje a partir das 16h (14h de Brasília). Nesta terça-feira, será a vez dos 27 ministros da UE (União Europeia).
O objetivo é dizer a Atenas que o país não receberá nada caso não sejam cumpridos os planos de ajuste. O medo maior é o risco de a crise atingir a Itália, já enfraquecida pela falta de credibilidade dos investidores sobre os planos do governo do premiê Silvio Berlusconi para reduzir o déficit e a dívida de 1,9 trilhão de euros.
Os líderes europeus cobram da Grécia uma definição clara para que o país continue na Eurozona. Os principais partidos políticos gregos chegaram a um acordo para formar um governo de coalizão sem o atual premiê, George Papandreou. Ficou decidido, também, adiantar as eleições para o dia 19 de fevereiro.
EMPRÉSTIMO
A Grécia pretende negociar o pagamento de 80 bilhões de euros até o final de fevereiro.
O plano para salvar o país da crise prevê empréstimos de até 100 bilhões de euros até 2020. Em troca, o Parlamento precisa ratificar o acordo antes de 2012, o que exigirá novos sacrifícios para a população. A dívida pública grega é de 350 bilhões, o equivalente a 165% do seu PIB.
A Eurozona e outros credores, como o FMI (Fundo Monetário Internacional), desejavam aprovar imediatamente os 8 bilhões de euros relativos ao último lote do primeiro plano de resgate, acordado em 2010.
“Deveria ser um ponto de aprovação automático nesta segunda-feira, mas tudo mudou (…)”, disse uma fonte europeia.
Sem este empréstimo imediato, a Grécia permanecerá sem receber ajuda até meados de dezembro.
CRISE GREGA
A Grécia passa por uma crise política, gerada pela crise econômica. Neste domingo, o premiê George Papandreou anunciou sua renúncia ao cargo.
A crise que abalou o governo veio na semana passada, após uma tentativa de convocar um referendo sobre o resgate europeu à Grécia.
Os maiores partidos políticos da Grécia concordaram também em realizar eleições antecipadas no próximo dia 19 de fevereiro, segundo anunciou o ministro das Finanças do país, Evangelos Venizelos. A data marcada deve dar tempo suficiente ao novo governo grego para completar o prazo de redução da dívida do país, como parte de um acordo feito com a UE (União Europeia) em 26 de outubro.
O acordo por um novo governo foi fechado ontem em uma tentativa de se fazer aprovar a ajuda internacional contra a crise financeira que assola o país, mas poucos detalhes foram dados, apesar de um ultimato da UE para Atenas “levar a sério seus problemas”.
FMI
Além dos temores sobre a Grécia, rumores sobre a renúncia de Berlusconi também causam insegurança nos mercados nesta segunda-feira. A Comissão Europeia já confirmou que enviará à Itália uma missão para vigiar a implementação das reformas draconianas.
“O problema da Itália é a falta de credibilidade das medidas anunciadas pelo governo para reduzir o déficit”, declarou a diretora do FMI, Christine Lagarde.
As taxas de juros sobre os títulos de longo prazo italianos subiram 6,5%, um novo recorde desde a criação do euro.
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS