Recém-indicado, o novo primeiro-ministro da Itália, o ex-comissário europeu Mario Monti, disse nesta segunda-feira que seu primeiro dia de conversas para a formação do novo governo “está sendo construtivo”, e que ele espera administrar o país até as próximas eleições programadas, em 2013.
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Experiência na UE favorece Monti frente aos mercados
Segundo ele, estipular qualquer data anterior a esta diminuiria a credibilidade da administração. “É óbvio que o Parlamento pode decidir a qualquer momento que o um governo não tem sua confiança”.
Mont disse ainda que optará por ministros políticos em seu gabinete e que se não receber o apoio dos partidos abandonará o poder. O anúncio de Monti contraria as expectativas dos mercados, de que ele formasse um quadro de ministros majoritariamente tecnocratas, e deixa transparecer que um gabinete formado por políticos pode ter sido uma condição imposta pelos partidos italianos para apoiarem o governo provisório.
No início da manhã, o jornal espanhol “El País” já adiantara que partido de direita Liga do Norte era, aparentemente, o único que se opunha a um Executivo técnico.
Pier Paolo Cito/Associated Press | ||
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Novo premiê italiano, Mario Monti, encerra primeiro dia de consultas políticas para formaçaõ de seu gabinete |
“A política pode trabalhar para transformar este momento difícil numa oportunidade”, acrescentou Monti em sua entrevista coletiva ao final do primeiro dia de consultas com as forças políticas italianas para a formação do novo governo.
Reiterando o que já havia dito ontem (13), ao ser indicado como novo premiê, o economista disse que o objetivo de seu trabalho é fazer com que o país volte a ser uma força dentro da União Europeia (UE) e no cenário global. “A Itália poderá ter um papel de protagonista no mundo”, indicou.
Logo após ser indicado pelo presidente italiano Giorgio Napolitano, no domingo, Monti também sinalizou a importância de trabalhar com todo o espectro político do país.
“Dou início a este trabalho com o compromisso de respeitar o Parlamento e todas as forças políticas. A Itália pode sair desta situação de emergência com base num esforço comum, e voltar a ser uma força dentro da União Europeia [UE], e não uma fraqueza”, indicou.
CONSULTAS POLÍTICAS
A coletiva de Mario Monti é sua primeira aparição pública com um situação do andamento dos trabalhos no país desde que deu início às consultas com os partidos, na manhã desta segunda.
Segundo o jornal espanhol “El País”, Monti planeja tomar posse ainda nesta semana e se submeter a um voto de confiança no Parlamento. A missão é convencer os mercados internacionais e a UE de que o governo provisório pode levar a Itália ao saneamento de suas contas públicas e da dívida pública que corresponde a 120% do PIB (€ 1,9 trilhão).
O novo premiê não quis divulgar um calendário para a formação do governo e também não disse quem são os candidatos para compor seus ministérios, que Napolitano pediu para ser formado por especialistas.
RENÚNCIA
Monti assumiu o governo um dia após Silvio Berlusconi, 75, ter oficializado sua renúncia. O posto foi deixado ontem após a Câmara dos Deputados aprovar por 380 votos a 260 o Orçamento de 2012, incluindo um pacote de austeridade acertado com a União Europeia que era condição para a saída do agora ex-premiê.
Roberto Monaldo/Associated Press | ||
Mario Monti reforçou o sentido de urgência para conter a crise e exortou a união das forças políticas no país |
A lei contém as medidas exigidas para garantir a estabilidade financeira e reduzir a enorme dívida pública do país, que atualmente corresponde a 120% do PIB (€ 1,9 trilhão), através de uma economia de até € 59,8 bilhões até 2014.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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